quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Teaser "E aí, Pessoa?"

Boa tarde, Pessoanos.

Saiu o teaser do nosso TCC - "E aí, Pessoa?" do grupo Entre Nós.

Confira ;)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Nunca conheci quem tivesse levado porrada

Álvaro de Campos, o heterênimo mais histérico em Fernando Pessoa, como ele mesmo o descreveu, transbordava sentimentos em sua poesia. Inquieto e profundo, ele demonstra nesta poesia abaixo uma sensação que todos nós já tivemos um dia: o fracasso.
Afinal, não há dias em que parece que só a gente leva porrada?

Poema em linha reta
Fernando Pessoa(Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fernando Pessoa é celebrado no Brasil com dicionário

A nota é de mais ou menos um mês atrás, mas vale muito à pena replicá-la. O texto e entrevista com o autor Fernando cabral Martins é do jornal O Globo:
 
Um dos escritores mais intrigantes da língua portuguesa, o poeta Fernando Pessoa (1888-1935) está sendo celebrado duplamente no Brasil: enquanto o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, traz a mostra "Fernando Pessoa - Plural como o universo", uma obra monumental chega às livrarias: "Dicionário de Fernando Pessoa e do modernismo português" (Leya). Organizado por Fernando Cabral Martins, um dos maiores especialistas em modernismo português, o dicionário reuniu mais de 80 colaboradores, que produziram 600 verbetes sobre o escritor, sua obra e o movimento que ajudou a definir. Há ainda um filme sobre o poeta, a ser rodado em 2011, com roteiro e direção de Ruy Guerra. Em entrevista ao GLOBO por telefone, de Lisboa, Cabral Martins revela que há muito a ser descoberto sobre Pessoa: cerca de metade de sua produção permanece inédita.

O GLOBO: Há ainda muitos textos inéditos de Fernando Pessoa?
FERNANDO CABRAL MARTINS: Há muitos aspectos de Fernando Pessoa ainda não revelados. Só metade do que ele escreveu foi lido, trascrito e em parte publicado. Há um volume de contos policiais e uma grande produção de contos em geral aguardando edição dos estudiosos. São contos inacabados. O mesmo acontece com o teatro. A importância da prosa na obra de Pessoa era até pouco tempo atrás desconhecida. Antes ele era considerado um poeta. Hoje sabe-se do papel fundamental da narrativa em sua obra, ainda que seja fragmentária, sem começo, meio e fim, textos que não se enquadram nos gêneros literários tradicionais e lineares.

Fernando Pessoa via-se multifacetado e fragmentado como sua obra?
Nos últimos 15 anos da vida de Pessoa, há muitos testemunhos mostrando que os autores imaginários começam a invadir sua vida. Em alguns momentos ele é Álvaro de Campos, noutros Alberto Caeiro, ou Ricardo Reis. Os heterônimos começam como um artifício, no sentido de serem um objeto de arte, mas são criações de tal maneira fortes e intensas, sobretudo o Álvaro de Campos, que Pessoa acaba influenciando a si próprio, como se a criatura se tornasse maior que o criador. A personagem começa a fazer parte do cotidiano do escritor e a interferir em suas relações, como em seu namoro com Ophélia Queiroz, no qual Álvaro de Campos surge como uma terceira pessoa de forma desagradável para Ophélia.

Jovens poetas que procuravam os conselhos de Pessoa às vezes encontravam em seu lugar Álvaro de Campos, um personagem nada agradável, que bebia muito e com quem era difícil conviver. O aparecimento das figuras imaginárias na vida de Pessoa é bastante perigoso. Revela que há uma dimensão de loucura à espreita. Mas é evidente para mim que ele consegue manter o jogo que criou no limite da sanidade. Nossa unidade é imaginária, frágil, mudamos um pouco todos os dias. Portanto, o que Pessoa concebe ao criar heterônimos e ao tratar da temática de despersonalização e desdobramento do ser é uma linha de pesquisa literária em torno de uma realidade que é humana e universal. Em certos momentos, a coisa pode ter ido longe demais e Pessoa sentia-se um palco para suas invenções literárias, assim como algumas ficções contemporâneas como "Matrix" e "Avatar". Ele nunca deixou que os avatares tomassem o controle, que foi sempre dele, o pobre homem que passava o dia em seu quartinho a escrever.

Por que Fernando Pessoa é o ponto de partida e a referência central do dicionário?
Havia a dificuldade em determinar onde começa e acaba o modernismo português, saber os limites temporais e quais artistas deviam ser considerados como parte ou referências do movimento. Há muitas opiniões divergentes. A importância do movimento em Portugal é muito grande. Em termos relativos, é mais importante o modernismo em Portugal do que foi no Brasil. A empreitada só foi possível graças ao fato de haver em Portugal uma figura que sobreleva todas as outras em importância. Assim conseguimos coerência, colocando Pessoa como figura central. E há ainda uma sorte especial: quando Pessoa morre, em 1935, podemos dizer que o modernismo, se ainda existe, tem características muito diferentes de seu princípio.

Fiquei satisfeito ao descobrir que se centrasse a obra em Fernando Pessoa a tarefa de organizar o dicionário seria mais fácil. Para citar um exemplo de como pude fazer uma seleção, é essencial haver um verbete sobre Shakespeare. O escritor inglês é o grande modelo de Pessoa.

Então, Fernando Pessoa é o modernista por excelência?
Sim. Pessoa é a figura do século XX português mais importante dentro do panorama mundial.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Semana Apertadaaaaaa

Olá pessoanos! Essa semana está sendo beeem corrida para o grupo Entre Nós! Tivemos uma seção de fotos na segunda-feira, ontem gravamos mais alguns trechos do documentário e também os teasers para divulgação e agora estamos editando tudo. Ufa, que trabalheira. Estamos em busca dos BG's perfeitos..rs..Alguma sugestão?;)
Seguem algumas fotos que tiramos na segunda...tanto do grupo quanto do Edú e do Locutor, nossas personagens. Abçssss



Edu - The journalist

Grupo Entre Nós


O locutor que sempre dá uma forcinha

É...Muita forcinha...




   
E o nó (?)


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Pessoa x Camões

Pessoa previu: Do Modernismo em Portugal apareceria em breve um poeta que superaria Camões, autor de Os Lusíadas, referência da literatura portuguesa, o chamado Supra-Camões. Seria um plano, talvez?
Não coincidentemente, o poeta escreveu Mensagem, único livro, que igualmente à obra de Camões, tem como temática a nação portuguesa, mas desta vez, de uma forma mais simbólica...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Universidade Aberta - Saramago e Pessoa - Para ver o invisível

Para os pessoanos de São Caetano ou proximidades, ainda dá tempo de se inscrever para algumas atividades que a USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) está promovendo na mais recente edição do Universidade Aberta - Saramago e Pessoa - Para ver o invisível (olhem abaixo que logo legal).

O evento, que vai até o dia 22 (próxima quarta) é fruto de uma parceria da Universidade com o PROEDUC e o SESC-SP (unidade São Caetano)

Ps. Olhem a explicação do tema, que legal --> "neste ano, destaca a literatura de José Saramago e  de Fernando Pessoa a partir de determinadas inquietações sobre as mais diversas e distorcidas formas de invisibilidades presentes nas relações humanas".

Para discutir o tudo isso, estão sendo realizadas uma série de atividades como palestras, oficinas...e uma exposição interarativa instalada no pátio da universidade.

Vale a pena dar uma olhadinha no site do evento e ver o que ainda está rolando. É só clicar no link "incrições e ver a lista completa. ;)

domingo, 19 de setembro de 2010

Louco ou gênio???


Assim que começamos a pesquisar sobre Fernando Pessoa, essa uma das primeiras questões que surgiram.  A capacidade de se multiplicar em outras personalidades e escrever obras completas para cada uma seria sintoma de genialidade ou esquizofrenia? (Isso mesmo, achamos teses defendendo que o Fernando Pessoa era esquizofrênico e isso nos intrigou muito).

Como entender a personalidade de um ser tão múltiplo era o que nos perguntávamos a cada dia. Onde estaria a explicação? Na infância conturbada, talvez...Confusos, fomos atrás de respostas e, claro, percebemos que nunca poderemos saber ao certo o que se passava na cabeça do poeta. Mas, uma das entrevistas que mais nos ajudou a entender melhoressa questão foi com a psicóloga e pesquisadora de FP Mariana Portela. Olhem um trechinho...
“Do ponto de vista psiquiátrico é muito difícil você falar que uma pessoa é esquizofrênica, que não era medicada, que não tinha nenhum suporte psicológico, pudesse escreer daquela forma e pudesse trabalhar ... porque ele trabalhou a vida inteira, ele escrevia como um condenado, e o esquizofrênico quando ele tá em crise ele não tem essa capacidade assim, ele paralisa mesmo. (...) mas ele (o Pessoa) tinha muito medo do enlouquecer e ele escreveu muito sobre isso.”

sábado, 18 de setembro de 2010

Museu da Língua Portuguesa traz exposição sobre Fernando Pessoa

Buenas pessoanos! Alguém aí já foi na exposição sobre o Pessoa lá no Museu da Língua Portuguesa? Pela primeira vez o local está abringando uma exposição sobre autor lusitano, a mostra“Fernando Pessoa: Plural como o universo”.

Com o uso de muita tecnologia e interatividade, os poemas, textos e imagens do autor são retratos digitalmente em cabines, em uma espécie de labirinto poético e em fac-símiles ampliados. Além disso, é possível ver também alguns originais, como o do Mensagem, único livro do poeta publicado em vida.

Durante as entrevistas para o rádio-documentário, o Grupo Entre Nós teve a oportunidade de entrevistar o curador desta exposição, o crítico literários Carlos Felipe Moisés. Ele comentou que o objetivo deste trabalho é “oferecer, sobre tudo para jovens, um aperitivo, com muita imagem, fotografia a e sons, tudo ligado a Fernando pessoa, para que estimulado por essa mostra a Pessoa vá ler Fernando Pessoa”.

“Fernando Pessoa: Plural como o universo” ficará noMuseu da Língua Portuguesa até o dia 31 de janeiro de 2011. Os ingressos custam 6 reais (3, meia-entrada) e aos sábados a entrada é gratuita.

Cá entre Nós ;)...olhem só a matéria que etsá postada lá no Catraca Livre


Até mais!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Atenção: Pessoanos trabalhando =)

Oi pessoas! Depois de um ano de muito trabalho, estamos chegando à fase final do nosso TCC! Para quem não sabe, estamos produzindo um rádio-documentário sobre a vida e a obra de Fernando Pessoa.

Este blog, que está sendo lançado oficialmente hoje, daqui pra frente será uma das formas de nos comunicarmos com o mundo. Queremos muito dividir essa etapa com vocês.

Vamos postar aqui, um pouco mais da nossa história, nossas atividades do dia a dia e , claro, muito Fernando Pessoa. Só para esquentar, aí vai um vídeo que a Raquel achou logo no começo das pesquisas. Ele retrata um dos poemas do mestre de todos os heterônimos de Pessoa, Alberto Caieiro.